Lembrei do poeta que conheci nos livros. Nas rádios. Na vida. De lá saí para outro lugar, comi um pedaço amargo de pizza na Guanabara, e logo retornei para Ipanema, caminhando um pouco de madrugada pelas ruas do Leblon.
Mais um pouco pensando nas riquíssimas inquietações do poeta e eu chorava. Pois é... Pensei. Chorei! Um dia antes do dia do aniversário do meu avô Targino (Que Deus o tenha), foi impossível não pesar o coração de tristeza. Fiquei bêbado. Recitei alguns versos, e lembrei de alguns sonetos, andando na cidade carioca, recitando poemas incompletos, olhando para pessoas desconhecidas, lavando os olhos de sentimentos...
Me recordei da dialética:
"Dialética /
É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda (vida)
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste..."
Me recordei do Soneto da Separação:
"De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente."
E de tantas outras lembrei...
Bebi. Chorei. E no dia seguinte a dor passou! Meu mundo voltou a girar. Com Vinícius. Com meu avô, e outros mestres que admiro. Entre eles alguns mortos, que os mantenho, e os sinto vivos.
E foi o Google que me fez lembrar da noite que eu tive, naquele velho dia 15 de outubro de 2013, numa das cidades mais lindas desse Brasil.